sexta-feira, novembro 11, 2005

E porque haverias de querer?


E por que haverias de querer a minha alma Na tua cama?

Disse palavras líquidas, deleitosas, ásperas Obscenas, porque era assim que gostávamos.

Mas não menti, gozo, prazer, lascívia

Nem omiti que a alma está além, buscando Aquele Outro.

E repito: por que haverias De querer a minha alma na tua cama?

Jubila-te da memória de coitos e de acertos.

Ou tenta-me de novo.

Obriga-me.

(Hilda Hilst)

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Dez Chamamentos
Ao Amigo
de Hilda Hilst


Se te pareço noturna e imperfeita

Olha-me de novo. Porque esta noite

Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.

E era como se a água

Desejasse



Escapar de sua casa que é o rio

E deslizando apenas, nem tocar a margem.



Te olhei. E há tanto tempo

Entendo que sou terra. Há tanto tempo

Espero

Que o teu corpo de água mais fraterno

Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta



Olha-me de novo. Com menos altivez.

E mais atento.


[Poesia: 1959-1979 - São Paulo: Quíron; (Brasília): INL, 1980.]

sexta-feira, novembro 25, 2005 2:35:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Soneto da posse

Amar é possuir. Não mais que o gozo
quero. Não sei porque desejas tanto
escravizar-me; escravizar-te. Quanto
menos me tens, mais me terás. Gostoso
é ser-me livre, alegre, escandaloso –
o peito aberto pra cantar meu canto;
os olhos claros pra ver todo encanto;
as mãos aladas, pássaros sem pouso.
Abre-me o corpo, vem dá-me o teu vale,
e a esconsa flor que ocultas hesitante,
pois o que falo o falo sem que fale
em tom de amor. Quero vaivem, espasmo -
um corpo a corpo num só corpo palpitante,
dois no galope até o sol de um só orgasmo.


Ildasio Tavares

sexta-feira, novembro 25, 2005 3:10:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Os teus pés

Quando não posso contemplar teu rosto,
contemplo os teus pés.

Teus pés de osso arqueado,
teus pequenos pés duros.

Eu sei que te sustentam
e que teu doce peso
sobre eles se ergue.

Tua cintura e teus seios,
a duplicada purpura
dos teus mamilos,
a caixa dos teus olhos
que há pouo levantaram voo,
a larga boca de fruta,
tua rubra cabeleira,
pequena torre minha.

Mas se amo os teus pés
é só porque andaram
sobre a terra e sobre
o vento e sobre a água,
até me encontrarem.


pablo neruda

sexta-feira, novembro 25, 2005 3:16:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

tenta-me de novo ;)

domingo, novembro 27, 2005 6:58:00 da tarde  

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