sexta-feira, fevereiro 23, 2007

A questão "Canudo"

A questão "Canudo"

Ter um canudo. Como diz o povo, ter um canudo é sinónimo de vencer na vida. Não sou tão facciosa para achar que não dá um “empurrãozinho”. Mas no fundo – e para manter a objectividade da ideia que me fez escrever este pequeno parecer – ter um canudo é mais ou menos como ter um pau espetado no rabo. Ficas direitinho durante o 1º ano depois de o conseguires, e até tens o direito de dizer com toda a integridade "oh não, eu tenho um curso de zoologia, não vou agora ter de limpar as jaulas do elefante ali em Benfica..."
Mas o pauzinho no rabo começa a quebrar, ah pois é, e dás por ti a aceitar Part-Times de babysitter de cães ou então, menos embaraçoso, lá consegues um estágio na função pública, no Canil Municipal, onde te destacam para contar quantos quilos de dejectos produz um cão que come 17 kg de ração por mês. E porque a verba estatal para o teu estágio, tem de ser justificada, convencem-te que essa é uma tarefa muito importante. E pronto, lá vives com a perspectiva da classe operária e pensas, que, se te aguentares ali, talvez te passem para os quadros efectivos da Câmara e em vez de contares quilos de dejectos, lá vais fazendo um recadinho para o Presidente e quiçá um dia, até te põem a tirar fotocópias muito importantes!
E não podemos esquecer o “factor C”, que é o Sr. Zé Silva, o responsável do Canil, que até gosta de ti….uma cunha, jamais deverá ser menosprezada.
Mas um canudo é sempre um canudo, e qualquer autarca deve saber disso com certeza. E nas horas mais paradas, imaginas que quando passaste pelo Presidente ele deve ter pensado….que desperdício…com um canudo a contar “bostas”, e acreditas verdadeiramente que é isso que ele pensa.
E o canudo que sempre tiveste espetado no rabinho vai-se partindo…
Concluo portanto que, os “canudos” devem ser mais ou menos como as minas das lapiseiras. Quando as valorizamos demais e as usamos com mais força do que aguentam, partem-se e tens de aproveitar os restinhos que sobraram. J



Errata: No quarto parágrafo, onde se lê “imaginas”, deverá ler-se “deliras”.